Round 6: Reality show teria tido manipulação e pessoas passando mal de verdade

Acusações foram feitas pelo único brasileiro participantes do programa.

Publicado em 20/11/2023 por Rodrigo Duarte.

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Nesta semana estreia no streaming Netflix o mais novo reality show original do serviço de streaming, chamado, na sua tradução para o português, Round 6: O Desafio. O programa de competição será baseado na série de sucesso Round 6, prometendo uma competição pelo maior prêmio já pago em um programa deste gênero, com provas semelhantes as que apareceram no programa ficcional.

Round 6: Reality show teria tido manipulação e pessoas passando mal de verdade

O programa nem mesmo estreou e já está causando uma série de polêmicas. A mais recente partiu de um brasileiro, chamado Yohan Tanaka, que acabou se tornando um dos participantes selecionados para o programa. Ele acusou a produção do reality de manipular os resultados. Além disso, ele também afirmou que as gravações teriam sido um verdadeiro caos.

"Em janeiro desse ano, recebi um e-mail que finalmente mudaria a minha vida. Fui selecionado para representar o Brasil na gravação da competição. Mas na verdade era um reality com cartas marcadas, abuso de poder e zero chances reais de ganharmos qualquer prêmio milionário. Fomos apenas figurantes não pagos", contou o brasileiro.

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"Entramos no país como turistas, e não para trabalhar numa produção com visto de trabalho. Assim que chegamos, já possuíamos as passagens de volta, indo contra todo o processo da veracidade de um reality show", revelou.

"O primeiro game foi o da bonequinha que mata caso você se mexa, através de laser nos olhos. Essa, pra mim, durou entre oito a 10 horas. A gente não tem certeza exatamente porque não tinha como olhar relógio, telefone, tudo era proibido. Nesse dia estava 9 graus negativos, o dia mais frio do ano", relembrou.

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"Cada parada que a gente tinha que dar para esperar a bonequinha voltar, virar de novo de costas para começar a cantar, eram de 10 a 20 minutos. Ficávamos congelados, sem poder se mexer, porque tinha os drones para fazer captação das imagens, tinha as câmeras no próprio chão ali filmando. Eles faziam a gente sofrer mesmo, a ideia era essa, era a gente desistir pra eles conseguirem eliminar mais rápido possível, pra depois focarem nas pessoas que eles queriam, ou na quantidade que eles iam querer", relatou.

O brasileiro afirma que as gravações foram caóticas das mais variadas formas, inclusive fazendo com que muitos participantes tivessem problemas físicos e de saúde. Muitos participantes teriam realmente passado mal, não apenas durante as provas, como também durante a as gravações de uma forma geral. Além disso, as próprias quedas, que eram consideradas como parte das provas, não eram consideradas seguras, com pessoas desmaiando e tendo contusões, nas palavras do brasileiro.

"Teve um momento que foi muito marcante pra muita gente. A primeira vez que alguém se machucou, de desmaiar, eu lembro que uma pessoa começou a gritar: ‘Médico, médico’ e aí os outros também gritaram, virou um coro. Acho que ninguém estava entendendo o que estava acontecendo. A gente começou a olhar para o lado sem querer se mexer, porque a gente não queria também perder a oportunidade de passar para a próxima fase e talvez ganhar uma bolada. Quando a gente entendeu a gravidade, todo mundo começou a entender que era muito real o rolê ali e era muito manipulado também", acrescentou.

O brasileiro contou ainda que os participantes eram resgatados em uma espécie de “caixão”, que em um primeiro momento era utilizado somente para tirar das provas os que eram eliminados, mas que com o passar do tempo passaram a ser utilizados para tirar da prova os que passavam mal.

"A gente viu alguém sendo carregado, em vez de numa maca, colocaram a pessoa que tinha passado mal dentro do caixão para usar isso nas cenas das edições. Foi muito louco, muito caótico", declarou.

Sobre a manipulação, o brasileiro afirma que foi eliminado de forma injusta, mesmo tendo concluído as provas. "Eu e mais umas 20, 30, mais ou menos, chegamos e fomos eliminados depois disso, porque eles quiseram, porque não tinha mais espaço para mais gente", disse.

"Houve vários tipos de abusos, principalmente o psicológico. Abuso físico… A gente podia desistir a qualquer momento, só que acreditávamos que era uma competição real. Acho que esse era o grande problema, a gente ter acreditado. Por que quem é idiota de ficar de oito a 10 horas em pé, congelando, sem comida, sem bebida, sem água, sem nada? Se a gente soubesse, a gente não ficaria", dispara o brasileiro.

Até o momento a Netflix ainda não se manifestou sobre o assunto.

ESCRITO POR: Rodrigo Duarte - Jornalista formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), com especialização em Marketing Digital.